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domingo, 5 de agosto de 2018

Fux matou no peito e fez gol contra



Ministro tinha diante de si um pedido para declarar a inelegibilidade de Lula

O ministro Luiz Fux, presidente do Tribunal Superior Eleitoral, tinha diante de si um pedido para declarar a inelegibilidade de Lula. A petição era processualmente imprópria e ele rejeitou-a. Fez o mesmo que a ministra Rosa Weber há algumas semanas. A notícia foi divulgada pelo UOL. Fux deu-se conta de que rejeitando o pedido apenas por impróprio, poderia dar a impressão de que admitiria, em tese, a elegibilidade de Lula.

Deve-se ao repórter Reynaldo Turollo Jr. a narrativa do que aconteceu em seguida, nas palavras de Fux:
“Depois que saiu essa notícia, eu fui verificar se a decisão tinha sido publicada [no Diário da Justiça]. Então, peguei a decisão, para não deixar dúvida, e fiz questão de colocar nela (...) aquilo que tenho defendido publicamente, que é a inelegibilidade de candidatos que já incidiram em uma condenação em segunda instância”.

Fux deixará o TSE no próximo dia 14 e decidiu acrescentar um parágrafo ao despacho informando que vislumbrava a “inelegibilidade chapada” de Lula. Se o pedido tinha um vício processual, a questão estava resolvida, não havia porque acrescentar “aquilo que tenho defendido publicamente”, muito menos usando o termo “chapada”.  Lula sabe que será declarado inelegível, mas isso só poderá acontecer quando ele estiver na condição legal de candidato. Ademais, “chapado” não quer dizer nada. 

Lula é candidato a vítima para eleger o “Poste”. Quanto mais o vitimizarem, maior será a sua capacidade de transferir simpatias e preferências. A barafunda provocada pelo drible do desembargador Rogério Favreto, abrindo uma temporada de bate-cabeças no Judiciário, premiou-o com as trapalhadas dos que não querem vê-lo como candidato ou mesmo em liberdade.  O complemento de Fux ao despacho foi um mimo para Lula. Primeiro, porque não é adequado que o presidente de um tribunal tenha “defendido publicamente” uma posição relacionada a um julgamento que ainda não aconteceu. Mesmo que o seja, foi despicienda a iniciativa de repeti-la num despacho que tratava de um pedido processualmente viciado.
Até a balbúrdia “prende-solta” dos desembargadores e do juiz Moro, podia-se achar que Lula era um apenado fingindo que era candidato. Depois dela, tornou-se uma vítima. Fux, como Moro, matou no peito e chutou contra o próprio gol.

Temer deve cuidar de seu crepúsculo
O presidente Michel Temer mostrou que caminha para um lastimável fim de governo. Numa canetada, retirou o nome de Davidson Tolentino de Almeida para uma diretoria da Agência Nacional de Saúde. Pudera, ele estava radioativo desde que foi acusado por um ex-assessor do senador Ciro Nogueira (do PP) de ter feito coisas que não devia. Noutra, indicou Paulo Rebello Filho, para o mesmo lugar. Rebello é chefe de gabinete do ministro da Saúde, Gilberto Occhi (do PP).

Um presidente que entrou no Planalto demitindo um garçom, arrisca sair deixando um testamento de nomeações de protegidos pela coligação partidária que o amparou. Temer tem todo o direito de preencher os cargos que a lei lhe faculta, mas é no mínimo falta de educação nomear um diretor para a notória ANS, com mandato de três anos, quando faltam menos de cinco meses para o fim do governo. Está quitando contas com o cartão de crédito de seu sucessor. 

Muita gente não gostou da maneira como Temer chegou à Presidência, mas ele sempre poderá dizer que cumpriu-se a Constituição. No crepúsculo de seu governo, o doutor é dono do ritual da sua saída, e a pior maneira de ir para casa é o legado testamentário. Há mais mimos na cumbuca. Desde maio está vaga a cadeira do Brasil na Comissão de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos. O titular renunciou em maio, abatido por uma denúncia da ex-mulher que dizia sofrer humilhações e espancamentos. O felizardo ganha um mandato de sete anos. Já há candidatos.

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