As máscaras de Lula que o PT aplicou sobre o rosto de seus militantes
deu à convenção nacional do partido uma aparência de uniformidade.
''Somos milhões de Lulas, como ele pediu'', discursou Gleisi Hoffmann.
Contudo, a euforia numérica da presidente do PT e o nivelamento teatral
da multidão não traduzem com precisão o que se passa nos subterrâneos do
partido. Ali, uma minoria inquieta manifesta contrariedade com a tática
eleitoral ditada pelo bunker carcerário de Curitiba.
A banda dos
insatisfeitos inclui, entre outros grão-petistas, Jaques Wagner e Tarso
Genro —ambos serviram ao governo Lula como ministros. Um petista
explicou ao blog: “Somos todos solidários a Lula. Mas
isso não nos impede de enxergar a realidade. O que une os divergentes é a
percepção de que o freio imposto por Lula, retardando o Plano B,
prejudica o partido. O que divide o grupo é a falta de consenso quanto
ao melhor plano alternativo.”
O incômodo da ala minoritária
aumentou depois que Lula deu uma rasteira em Ciro Gomes, empurrando o
PSB para fora da coligação do presidenciável do PDT. Um pedaço da
oposição interna avalia que, em vez de hostilizar, Lula deveria
considerar a hipótese de uma aliança com Ciro ainda no primeiro turno.
Outra banda não se conforma com o custo do acerto de Lula com o PSB. Foi
ao mar a competitiva candidatura da petista Marília Arraes ao governo
de Pernambuco.
Proliferam também as críticas à decisão de Lula de
retardar a indicação do candidato a vice na chapa do PT. O grande receio
é o de que, cutucado por Lula com o pé, o Tribunal Superior Eleitoral
resolva morder o PT. No limite, conforme avaliação dos técnico do
tribunal, o PT pode ser privado de participar da eleição presidencial.
A
chance de Lula levar em conta as opiniões da minoria inquieta é
pequena. No momento, a prioridade de Lula é Lula. A segunda prioridade
de Lula também é Lula. Pelos seus planos, quando o registro de sua
candidatura esbarrar na Lei da Ficha Limpa, Lula lançará um poste. Se o
escolhido for bem sucedido, seu sucesso e seu mandato pertencerão a
Lula. Se o poste tropeçar nas urnas, Lula continuará desempenhando o seu
melhor papel. O papel de vítima. Nesse enredo, se o TSE excluir o PT das urnas, oferecerá a Lula mais matéria-prima para a tese da perseguição política.
Josias de Souza
https://josiasdesouza.blogosfera.uol.com.br/2018/08/05/nao-e-unanime-no-pt-a-adesao-a-tatica-de-lula/
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