Condenado
em segunda instância a 30 anos e 9 meses de cadeia, José Dirceu deveria estar atrás das grades. Mas ele
desfruta, veja você, de uma temporada de férias. Graças à generosidade da
Segunda Turma do Supremo, que o libertou no mês passado, o ex-chefão da Casa
Civil de Lula trocou a hospedaria da Papuda, o presídio de Brasília, pelo
conforto da casa de um empresário-companheiro no interior da Bahia. Dirceu
passeia, se reúne com políticos locais e até dá entrevistas.
No
Brasil, os crimes praticados acima de um certo nível de poder e renda não
costumavam ser punidos. A Lava Jato melhorou o que era muito ruim. Mas a
situação continua precária. O baixo risco de punição, sobretudo da
criminalidade de colarinho branco, funciona como um incentivo à prática
generalizada dos crimes do poder.
Quem olha
para as alianças eleitorais de 2018 percebe que ainda é grande a quantidade de
corruptos em plena atividade. Ao libertar Dirceu, que coleciona sentenças no
mensalão e no petrolão, a Segunda Turma do Supremo revela que, no Brasil,
continua sendo mentirosa a tese segundo a qual o crime não compensa. É que,
quando compensa, ele muda de nome. Quando a punição é inexistente ou
cenográfica, o nome do crime é impunidade.
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