Reuters
Por Silvio Cascione
A saída de capitais do país manteve o dólar em forte alta nesta terça-feira, após uma sessão tensa com o aumento da aversão a risco no exterior e com o tombo da Bolsa de Valores de São Paulo.
A moeda norte-americana subiu 2,19 por cento, para 1,773 real. É a maior cotação de fechamento desde 30 de janeiro. Há pouco mais de um mês, a divisa estava nos menores níveis desde 1999, a cerca de 1,56 real. De lá para cá, a disparada do dólar foi de 13,5 por cento.
O terremoto financeiro dos últimos dias foi agravado nesta terça-feira pela preocupação com o Lehman Brothers, quarto maior banco de investimento dos Estados Unidos e que sofre para levantar capital e quitar dívidas relacionadas ao setor imobiliário dos Estados Unidos.
O medo de mais uma quebra de grandes proporções no setor financeiro global --seis meses após o colapso do Bear Stearns-- alimentava a aversão a risco poucos dias após o socorro de Washington às duas maiores agências de hipotecas dos Estados Unidos e da divulgação de novos sinais de fraqueza nas principais economias do mundo.
Às 16h37, o risco Brasil subia 15 pontos, para 269 pontos-básicos. Ilustrando a saída de recursos do país, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) despencava 3,8 por cento, para menos de 49 mil pontos.
A turbulência internacional derrubava o preço das commodities, uma das principais referências para economias exportadores como o Brasil. Com a busca dos investidores por ativos mais seguros, o índice Reuters-Jefferies de matérias-primas caía 1,71 por cento, e o petróleo se aproximava de volta dos 100 dólares em Nova York.
"O mercado está muito preocupado, muito tenso", resumiu Jorge Knauer, gerente de câmbio do banco Prosper, no Rio de Janeiro. "Tem bastante comprador (de dólares) no mercado."
A subida do dólar, no entanto, não alterou a política do Banco Central de comprar recursos no mercado para engordar as reservas internacionais, ao contrário de outros países emergentes, que já vendem dólares para esfriar o mercado.
No leilão desta tarde, nenhuma das propostas divulgadas foi aceita pelo BC. A operação teve taxa de corte de 1,7592 real.
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